Por Gina Strozzi, na Via Política

Embora o tema da violência perpasse toda a obra de Arendt, em 1969, a autora publica Sobre a violência. Neste livro, ao buscar as causas do fenômeno, Arendt afirma que a diminuição do poder, seja individual, coletivo ou institucional, é sempre um fator que pode levar à violência. “[…] muito da presente glorificação da violência é causada pela severa frustração da faculdade de ação no mundo moderno”. A burocratização da vida pública, a transformação do governo em administração, os processos de desintegração, o declínio dos serviços e instituições públicas, a automatização dos negócios entre os homens, o conformismo, o subjetivismo, têm aberto fendas nas estruturas de poder, têm afetado e suprimido a ação humana.

O ineditismo das reflexões de Arendt sobre a violência consiste em redefini-la frente ao poder. Tradicionalmente, poder, dominação e violência foram vistos como sinônimos, como resultantes um do outro. Entretanto, Arendt entende o poder como a habilidade humana não apenas para agir, mas para agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e permanece em existência apenas na medida em que o grupo conserva-se unido. Já a violência, de caráter instrumental, é a dominação, a obediência obtida pela coerção. O domínio pela pura violência advém de onde o poder está sendo perdido, daí a autora afirmar que a diminuição no poder é sempre um fator que pode levar à violência.

Transpondo tais aspectos da teoria arendtiana para o campo educacional, pode-se vislumbrar a dimensão e abrangência de aplicação do seu pensamento. Nas políticas educacionais o que se vivencia hoje no Brasil é o resultado das reformas iniciadas na década de 1990, cujo ponto de partida, é a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien. Os debates acerca do estabelecimento de princípios e diretrizes comuns para a obtenção de uma educação básica de qualidade legitimaram a idéia da educação como condição para equidade social e como estratégia para o desenvolvimento econômico em tempos de mundialização e globalização.

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Leia a íntegra do artigo de Gina Strozzi em Via Política: http://www.viapolitica.com.br/artigo_view.php?id_artigo=127