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COLUNA INCLUSÃO DO ACOLHE
Por Cinthya Pereira Freitas
Mulher cega. Ativista. Anticapacistista.
Direito para quem precisa
Em meio a maior Pandemia que a História Moderna tem conhecimento, o movimento social ligado às pessoas com deficiência, acompanha de perto a lapidação do conjunto de direitos que alcançamos como tentativa da garantia e manutenção dos mesmos.
Pois a foice volta a atacar! O presidente Bolsonaro resolveu atender a uma reivindicação antiga das pessoas com visão monocular para serem consideradas pessoas com deficiência do tipo sensorial, equiparando em direitos, cotas em universidades e concursos públicos, benefícios e empregabilidade na iniciativa privada, às pessoas cegas e com baixa visão. Certamente as pessoas pensam que se trata de uma briga tipo lado A e lado B, mas fere de morte todas as pessoas que necessitam de políticas públicas de inclusão. Como para o empresário, por exemplo, que visa o capital e o nível elevado de produção, fica claro que no lugar da contratação daqueles que precisam de adaptações, ajudas técnicas e acessibilidade assistida nos casos de deficiência intelectual e auditiva, optará pelas pessoas de visão monocular: cumprem as cotas e não realizam nenhuma modificação nos ambientes organizacionais. Isso é só uma amostra do que virá.
O movimento de luta das pessoas cegas sempre defendeu os princípios que a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência preconiza: a relação entre impedimento de natureza física, sensorial, mental ou intelectual com as barreiras que dificultam sua participação plena na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Entendemos que pessoas com visão plena em um dos olhos não se encaixam no grupo de pessoas destinatárias de políticas elaboradas para esta fatia da população. Não estamos com isso desprezando as dificuldades que pessoas com visão monocular possam vir a enfrentar em seu cotidiano, porém estas não são suficientes para encaixá-los no grupo de pessoas com vulnerabilidade social. O capacitismo estrutural, a invisibilidade e o isolamento social cortam na carne de todos aqueles que tem suas vidas atravessadas por todo esse preconceito e discriminação todos os dias.
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Em um fundo rosa e branco, a mensagem: coluna inclusão AcolheDown. Direito para quem precisa. Com Cinthya Pereira Freitas. Ao centro, foto da autora.