Sobre o fundo azul escuro, as palabras Alô Senado entre parênteses e tarja verde e amarela abaixo.Senadores e seus assessores não lêem as mensagens enviadas pelos cidadãos.

Familiares de crianças com deficiência que estão incluídas no ensino regular têm enviado mensagens por email para os senadores pedindo que mantenham o direito de seus filhos estarem na escola comum, com todas as crianças, apesar de já garantido por lei.

É que o Plano Nacional de Educação está sendo discutido na Comissão de Educação do Senado e estes pais querem evitar retrocessos na legislação que garante o acesso à educação inclusiva. A preocupação é legítima, uma vez que já foi sinalizado pelos senadores em diversas oportunidades seu posicionamento favorável ao texto defendido pelas escolas especiais, entre elas as APAEs. A redação proposta inclui o termo “preferencialmente”, que vai contra a legislação vigente e, na prática, restringe a oportunidade desses alunos de conviver com crianças sem deficiência de sua geração.

Só que os gabinetes de alguns senadores, como Álvaro Dias e Paulo Paim, tentaram tranqulizar os remetentes respondendo, de forma padronizada, justamente o contrário do que eles queriam ouvir:

“Obrigado por entrar em contato com o nosso mandato para tratar da Meta 4, do Plano Nacional de Educação – PNE, PLC nº 103/2012 e a reivindicação para a garantia do atendimento especializado às pessoas com deficiência nas escolas de educação especial.

Recebemos manifestações de todo o Brasil sobre esse tema, por isso realizamos audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, além de participarmos de reuniões no Ministério da Educação para aprimorar o projeto e incluir o termo “preferencialmente” no relatório, mantendo assim a garantia de atendimento especializado às pessoas com deficiência.

Avançamos com o Substitutivo do Senador Vital do Rego aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado- CCJ, mas ainda não é o texto ideal, por isso vamos continuar lutando na Comissão de Educação – CE para que sejam atendidas às expectativas das escolas especiais e manter o texto que
foi aprovado na Câmara dos Deputados.Já apresentamos novamente, as emendas que tinham sido apresentadas no Plenário.

Estamos confiantes em um resultado positivo e precisamos da continuidade das mobilizações em todo o Brasil.

*Paulo Paim*”

“Pode confiar, prezada xxx, pois, vou atender ao apelo de sua mensagem, uma vez que sou o relator na Comissão de Educação aqui do Senado do projeto que estabelece o Plano Nacional de Educação. Pretendo restabelecer o texto da Câmara dos Deputados para assegurar a manutenção das APAEs. Entendo que o Estado deve continuar a oferecer educação especial com eficiência e a credibilidade da marca APAE ao longo dos últimos 59 anos. Em minha opinião as escolas especiais e as escolas da rede regular podem conviver simultaneamente, sem problemas. Eis porque defendo a aprovação da meta 4 do PNE, que trata do atendimento escolar aos estudantes com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento. Vou dar, pois, especial atenção á reivindicação das APAEs em todo o país. Veja abaixo links a respeito inserido no meu blog, notícia publicada na imprensa sobre a minha posição e discurso que a respeito que pronunciei da tribuna aqui do Senado.
Cordialmente,
Alvaro Dias”

As respostas automáticas causaram rebuliço em grupos de discussão sobre síndrome de Down.

“Ou não estão lendo as nossas mensagens, ou não sabem do que estão falando! Não sei o que é pior!”, vociferou Patricia Almeida, mãe de Amanda, que tem síndrome de Down e está no segundo ano numa escola comum.

“Ele responde como se você estivesse brigando pela manutenção da Escola Especial”, comentou Carla Codeço, mãe de Rafael, também incluído na escola regular. “Respondeu da mesma forma ao meu email, apesar de ter sido clara na minha mensagem. Se bobear, ainda vão computar nosso e-mails na hora de declararem na audiência pública que receberam muitas mensagens em prol da manutenção das escolas especiais. É o fim da picada!”

“Esses caras devem estar recebendo tantos e-mails que nem lêem, mandam uma resposta automática padrão para todos”, avaliou Fábio Adiron, pai de Samuel, de 15 anos, támbem incluído.

Marinalva Oliveira, cujo filho Gabriel tem 8 anos e também frequenta a escola regular, concluiu: “São respostas automáticas que os senadores prepararam para os segregadores. Isso demonstra que sequer fazem a leitura dos emails”.

“Pois é. Não adianta nada então. Já que eles recebem montes de email e juntam todos na mesma pilha. Não interessa se são a favor ou contra a manutenção do preferencialmente. Tristeza…”, completou Carla.

“Só mudam o nome no início do email. Que vontade de mudar de PLANETA!”, desabafou Denise Amantino .

É Denise, não é só você que está com essa vontade…

Por Inclusive