(The challenge in moving forward)

relatório de colaboração sobre os rumos da luta em prol de pessoas com
deficiências, e especialmente deficiência intelectual, nas Américas,
realizado pelo amigos, especialistas da área de deficiências, Michael Bach,
da associação de famílias do Canadá (CACL) e Roberto Leal, pai de um moço
com deficiências múltiplas, da Nicarágua

traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré da Rede
de Informações Área Deficiências Secretaria Estadual de Assistência e
Desenvolvimento Social de São Paulo, Rebraf, SP, Sorri Brasil, SP, Carpe
Diem, SP, Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais) ,
Inclusion InterAmericana e Inclusion International, em 1 de junho de 2008

Alguns documentos que nos chegaram às mãos, nos últimos dias, que
complementam o esforço diário de nos mantermos informados sobre o que ocorre
pelo mundo na área das deficiências, campo riquíssimo de experiências
humanas e motivadoras, nos fazem pensar quanta coisa passamos nos últimos
50 anos, desde que fizemos parte dos primeiros grupos de pais de filhos com
deficiência intelectual que se agruparam no país, tentando encontrar
soluções para os problemas de nossos filhos, inteiramente excluídos do
tecido social.

É bem verdade que cinco décadas é um bom período de tempo, basta atentarmos
nas grandes mudanças que ocorreram na sociedade desde então, desde a
independência emocional das mulheres, o fim de sua submissão dentro do
casamento, uma vez que mulheres jovens nos anos 30, 40 e 50 não tinham
praticamente chance alguma de expressar opiniões, ter vida própria e se
tivessem um marido deveriam ter por ele obediência absoluta, levando em
conta seus gostos e preferências, sem jamais atentar para o fato de que ela,
esposa, sendo também um ser humano, tinha direito a sua própria auto
expressão como pessoa.

Se acrescentarmos a isso a contínua movimentação de pais pelo mundo, pais
de países mais adiantados em políticas sociais por virem de nações que já
tinham trabalhos realizados pelos cidadãos mais desprivilegiadose nossos
esforços quase heróicos no Brasil, vemos que houve um grande avanço até
2008.

De vez em quando alça-se uma voz, como outro dia a do amigo Fábio Adiron,
que escreveu a alguém que se referia a “classes especiais para crianças
excepcionais” , demonstrando ser alguém que parou no tempo pois esse termo
“excepcionais” que muitos anos atrás significou “ deficiente mental” está
hoje em completo desuso, não só no Brasil, no mundo inteiro.

Apesar das naturais regressões que muita gente, mas não tanta quanto há
alguns anos emprega, o nosso caminhar tem sido constante, não sem
interrupções e polêmicas pois não se realiza nenhum progresso sem reflexões,
contradições, oposições, isso faz parte da dinâmica do ser humano.

O que importa, realmente, na situação em que nos encontramos no mundo, com
uma Convenção de Direitos bastante estudada, refletida, e hoje em processo
de ratificação por diversos países entre os quais o Brasil, é que qual deve
ser a nossa atuação para que os direitos historicamente e conscientemente
reconhecidos pela maioria dos países, sejam de fato implementados na vida
cotidiana,

Compreendemos os pontos levantados por Michael (do Canadá) e Roberto Leal da
Nicarágua porque sabemos que o que chamam de “competing priorities” têm de
ver com a má qualidade de nossas escolas oficiais, a limitação de recursos
(aparente) para capacitar os professores de hoje a aceitarem e lutarem pela
inclusão da diversidade humana de seu aluno em suas classes de aula, as
modificações gigantescas que têm de ser introduzidas na rede de ensino.
Há muitos desafios a serem encarados pelo governo brasileiro se quisermos
que o Brasil tenha a posição de destaque que todos esperamos e merecemos.
Alguns deles Michael e Roberto salientam e temos de pensar, sem perder
tempo, como tornar tais desafios realidades concretas e passíveis de serem
postas em uso:

Atitudes necessárias para o progresso de nossas ações:

– Mobilizar a vontade política para que se possa conseguir uma mudança real

– Implementar uma agenda de políticas públicas que enfrente as prioridades
que competem com ela

– Vincular as metas sociais e as metas econômicas do país

– Aprendizado acerca de políticas e o compartilhamento do conhecimento.

Todas essas mudanças sugeridas – mobilização da vontade política para obter
bons resultados, fazer com que as políticas públicas batam de frente com
as prioridades que competem com essas mudanças e , principalmente talvez,
vincular as METAS SOCIAIS e as METAS ECONÔMICAS do país exigem de todos nós
que somos a sociedade civil, dos grupos que nos representam e que
representam, fundamentalmente os interesses de pessoas com dificuldades uma
enorme perseverança, um vínculo estreito de trabalho conjunto para
conseguimos nossos objetivos, tudo isso é trabalho incansável que fica para
as gerações de pais mais jovens, mais dinâmicas, mais fortes para enfrentar
todo esse desafio

Num país como o nosso, em que exigências essenciais como o saneamento básico
para grande parte da população, a necessidade imperiosa de mais creches e
creches de boa qualidade para o povo de baixa renda são fatores que
interferem e retardam ações mais incisivas em prol de nossos filhos e amigos
com deficiências.

Não devemos desanimar! Já progredimos e muito desde 1954 a 1960 em
conhecimento sobre o que se faz em outros países. Vamos continuar lutando!.

A nós, pais mais velhos, resta atuarmos freqüentemente como esses sinais de
advertência que vemos nas estradas”DEVAGAR” ,… ‘CURVA FECHADA” “CURVA
PERIGOSA”, “Atenção:OBRAS DAQUI A UM QUILÔMETRO”

que estão ali para ajudar motoristas incautos.

Quanto ao item final desta parte do relatório dos amigos Roberto e Michael,
quando se fala de aprendizado sobre políticas e o “compartilhamento do
conhecimento” devemos atentar muito mais profundamente para a necessidade de
troca de informações entre profissionais e famílias brasileiras. numa rede
poderosa que já existe mas precisa ser muito mais desenvolvida.

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