portal da deficiencia visual. fundo azul degrade,.

Hoje compartilhamos com vocês a palestra da Profa. dr. Olga Solange Herval Souza, doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a respeito do brincar para crianças com deficiência visual e suas contribuições para o seu desenvolvimento biopsicossocial.

Logo abaixo do link para assistir o vídeo da palestra, encontra-se o artigo sobre o mesmo tema, que é um dos capítulos do livro INCLUSÃO & REABILITAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM GUIA PRÁTICO, que encontra-se disponível gratuitamente no site do Portal da Deficiência Visual: www.deficienciavisual.com.br

Este livro reúne os melhores artigos que foram apresentados na primeira e segunda edição do congresso online internacional de inclusão e reabilitação da pessoa com deficiência visual, realizado anualmente pelo Portal da Deficiência Visual via internet, e cuja submissão de propostas para serem apresentadas na próxima edição, será divulgada ainda nesta semana.

Link para assistir o vídeo da palestra:
https://youtu.be/Mpyy84uBzaU

CAPÍTULO II:

A Importância do Brincar para Crianças Cegas e com Baixa Visão:

Olga Solange Herval Souza

            RESUMO

O texto traz considerações acerca da importância do brincar para as crianças cegas e com baixa visão. São constatações, inferências e propostas, que foram, e continuam em construção a partir da minha experiência como uma pessoa cega congênita, e frente a algumas situações que venho encontrando no cotidiano escolar como professora atuando diretamente com crianças na área da deficiência visual. A necessidade de olhar para essas crianças e garantir o direito de brincar já na educação infantil. Os autores que fundamentam essas construções seguem no texto.

PALAVRAS-CHAVE: brincar, criança, deficiência visual, cegueira, baixa visão.

        INTRODUÇÃO

Inicialmente, farei uma breve apresentação aos participantes deste evento, para que conheçam um pouco da minha pessoa, e para situá-los quanto às origens destes pensamentos e constatações, ou seja, de onde vim, de que lugares estou falando hoje, e que papéis desempenho, que me autorizam a escrever e falar sobre a importância do brincar para as crianças cegas e com baixa visão.
Sou natural de Uruguaiana, cidade na fronteira oeste do RS BR, distante 750 km de Porto Alegre. Nasci praticamente cega, em 12_10_1959, com três décimos de visão. Sou a última de uma família de 7 irmãos. Estudei no Instituto Santa Luzia, dos 05 aos 15 anos, em regime de internato. Cursei o ensino médio, me graduei em Pedagogia pela PUC/POA/RS, com habilitação no magistério e educação especial com ênfase na deficiência mental. Me habilitei nas áreas da deficiência visual e múltipla, orientação educacional e políticas educacionais.
Sou doutora em educação pela UFRGS com estudos na área da inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais. Sou também professora universitária.
Hoje, presto consultoria nos temas que abrangem a inclusão escolar, em diferentes instituições de ensino, secretarias municipais de educação, dentro e fora do Estado. Também atuo como docente na Rede municipal de ensino de Porto Alegre RME como professora da sala de integração e recursos SIR, de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental EMEF.Dolores Alcaraz Caldas, no bairro Restinga Nova na periferia da cidade.
Farei considerações sobre a importância do brincar para as crianças cegas e com baixa visão. É preciso esclarecer que, muitas dessas crianças, além da deficiência visual, poderão apresentar transtornos de desenvolvimento, déficit intelectual, dificuldades motoras, síndromes, ou outros comprometimentos.
Historicamente, se sabe que o ato de brincar é tão antigo quanto à humanidade. Existem registros da evolução social e cultural dos brinquedos e brincadeiras das crianças, que construíam seus brinquedos ao longo dos tempos com diferentes objetos simples conforme os hábitos e costumes da época.
Eu, por exemplo, fui criada no interior, meus pais agricultores, morávamos no campo longe da cidade. Meus brinquedos eram produzidos pelos meus irmãos, com carretéis de linha, tampinhas de garrafas, pedaços de madeira, ossos, paus, couro e borracha. Faziam carrinhos, bicicletinha, motos, …tudo de faz de conta. Uma lata vazia de leite em pó, cheia de pedras, ou qualquer coisa que produzisse barulho, com furos na extremidade, e onde passava um arame formando uma alça onde se amarrava uma corda longa. Eu saía a caminhar em volta da casa puxando o que chamava de rolete. Meu prazer era mexer em tudo, catando em busca de coisas pequenas, grãos, pedras, gravetos, para colocar dentro das latas que produzisse sons diferentes. Formei uma coleção de roletes! Minhas poucas bonecas eram feitas de pano, de barro, de pedaços de pau, de papel, até de massa de pão. Tinham cabelos de lã, enchimento e roupas de retalhos, por sorte uma das minhas irmãs era costureira.
Este relato aponta para a proposta que é de socializar aqui algumas das minhas experiências, e alguns conhecimentos que venho organizando ao longo desses anos, em razão das diferentes situações que tenho encontrado no cotidiano do lugar que hoje ocupo que é de professora em uma escola de periferia.
Muitas crianças cegas e com baixa visão nos chegam com um repertório reduzido de experiências lúdicas. Elas pouco sabem explorar os objetos ou brinquedos. Demonstram ter tido poucas experiências de brincar sozinhas e com outras crianças. Algumas não tiveram vivências em creches, ou em escolas infantis.

EDUCAÇÃO INFANTIL:

Quais os direitos das crianças cegas e com baixa visão?

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1998, a educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade. O ato de brincar permeia todas essas fases. Na Educação Infantil, já no planejamento a escola deverá garantir na sua rotina escolar, muitos momentos destinados ao brincar. Pois é neste espaço que a criança estará ingressando em um grupo social diferente da sua família. É neste espaço que ela irá compreender e se perceber como um sujeito que é capaz de construir e aprender.
A criança passa a se relacionar com objetos diferentes, sejam estes reais ou imaginários, onde atribui para estes significados de acordo com seus interesses e principalmente seus conhecimentos.
As crianças cegas e com baixa visão têm os mesmos direitos: antes de tudo, são crianças como as outras, que também tem possibilidades de aprender e brincar como as crianças que enxergam. Mas, para que isso seja possível, é imperativo que sejam respeitadas as suas individualidades e diferenças, de forma que suas experiências sejam concretas a fim de que suas aprendizagens adquiram significado. Para a criança com Deficiência Visual é necessário que o ato de brincar se estabeleça desde o seu nascimento, pois em virtude das suas limitações visuais não terá condições de ir em busca do objeto, reconhecer o brinquedo ou condições de brincar sozinha, é necessário que alguém oportunize isto. Por exemplo, ainda no colo, a mãe deve falar com o bebê brincando com sua voz, colocar a sua mãozinha em seus cabelos, no seu rosto. É importante que a mãe seja o vínculo entre o bebê e o brinquedo. Que para este bebê, em especial, o corpo da mãe seja a primeira relação com o ambiente.
A criança que enxerga usa os objetos para aquilo que não foram feitos, então através da imaginação e da criatividade transforma caixas em prédios, pedaços de paus em soldados, ou vassouras em cavalos. Os objetos são usados para outro fim com diferenças em suas propriedades físicas e utilitárias. A criança que enxerga, desde bebê vê e reconhece o cavalo em diferentes situações, assim como os prédios, os soldados e a vassoura. A criança cega e com baixa visão, para estabelecer estas relações precisará também conhecer manualmente o prédio, o soldado e a vassoura, cada um com u seu formato e suas respectivas funções. Como possibilitar que uma criança cega, bebê ou muito pequena ainda, passe a mão em todo o cavalo, em um prédio um soldado e em uma vassoura!
Será nas brincadeiras que a mãe ou cuidador poderão proporcionar vivências concretas onde a criança poderá experimentar e explorar determinados objetos, pois com a mediação ela poderá construir relações semelhantes às que referimos.
É no ato de brincar, que as crianças constroem seus próprios mundos e nesta criação compreendem o mundo adulto.
Uma brincadeira comum das crianças, é vestirem as roupas e calçados da mãe, ou de outra pessoa adulta, e assumir o papel de mãe, enfermeira, cuidadora, até professora, das suas amiguinhas ou bonecas.
A criança que possui todos os sentidos e pode se apropriar do mundo, estabelece mais facilmente as relações com os objetos e com os outros, pois reconhece as características dos brinquedos, vai em busca e é capaz de imitar o adulto em seu faz de conta, criando assim situações e cenas de sua vida diária e de suas experiências. A criança que não enxerga precisará aprender e ter uma série de vivências, para poder sentir algumas sensações novas, formar novos conceitos, aumentar o vocabulário, mas, não conseguirá apreender tanto quanto à que enxerga. Não poderá imitar o outro.
A criança que enxerga não nasce sabendo brincar. Ela aprende, na medida em que vai descobrindo os movimentos do seu corpo, as mãozinhas, os pezinhos, e, por si só vai experimentando. Vai descobrindo os objetos que estão mais próximos, e que tem significado ou alguma representação, como o bico a mamadeira, um chocalho, um urso de pelúcia, o cheiro e o rosto da mãe que se aproxima. É por meio da interação com os outros que a criança que enxerga exercita a observação e a imitação, dando respostas às diferentes linguagens corporais que os outros utilizam para lhe despertar a atenção, como contração da face, um sorriso, cara de choro, de brabeza. Uma resposta importante é o acompanhamento com olhar, e a condução dos bracinhos em direção ao outro, etc. No mundo visual a vida acontece instantaneamente, pois, é assim que quem enxerga se apropria do ambiente.
Ainda no berço, a mãe ou cuidadores precisam ter em mente que a criança que enxerga irá se apropriar deste ambiente na medida que o tempo passa! E passa rapidamente. A criança que tem deficiência visual total ou parcial, necessitará de apoio para que isso aconteça. Então, o ambiente deverá ser levado a ela, de modo que possa sentir com as mãos, passar a mão até conseguir pegar os objetos, ouvir os sons e tocar no objeto sonoro. Explorar e rolar dentro do berço na largura e extensão, explorar os brinquedos e objetos espalhados para que conheça e reconheça seu lugar!
Ao mesmo tempo que se fala com o bebê que enxerga, mostra-se muitos brinquedos coloridos, que fazem ruídos: apitos, guizos, sons musicais, chocalhos, bichos de pelúcia ou emborrachados. Para criança cega não será diferente, porém, mostrar significa colocar na sua mão, ou tudo ao seu alcance. Caso ela tenha algum resíduo visual, poderá demonstrar essa percepção dirigindo-se ao objeto que seja de alguma tonalidade de cor que lhe desperte a atenção.
Se não, irá se dirigir ao som ou ruído do brinquedo. Mas, senão tiver percepção visual, quem estiver interagindo com a criança, deverá demonstrar as possibilidades que existem para que ela possa explorá-lo. Ou, poderá valer- se de palmas ou da própria voz, para estimular a criança a buscar o brinquedo caso este não faça qualquer ruído. São brincadeiras que se pode fazer no berço, na cama ou no chão. Mas, é importante ter atenção à segurança do bebê dentro do espaço que servirá para a brincadeira, de forma que seja possível a criança se mover com autonomia, rolando, engatinhando ou caminhando com apoio. Sempre levando em conta sua etapa de desenvolvimento.

OBSERVAÇÃO E IMITAÇÃO

O sentido da visão é fonte de grande estímulo para o desenvolvimento global do ser humano, pois, em torno de 90% das informações chega por esta via. A visão é responsável pela apropriação de tudo o que é produzido para ser visto. As crianças cegas são privadas dessa capacidade. Neste caso, os outros sentidos, tato, olfato, audição, paladar, sinestesia – precisam ser estimulados, pois através deles que essas crianças conhecerão o mundo. Caso não sejam estimuladas desde pequenas, poderão apresentar um atraso no desenvolvimento biopsicossocial. Daí a necessidade da estimulação essencial, ou para muitos, estimulação precoce. Pois o objetivo desta é promover o desenvolvimento global (cognitivo, motriz e emocional) do bebê ou da criança até os 3 anos e 11 meses.
Desde cedo, ainda bebês, as crianças, e especialmente, as que possuem deficiência visual,  devem ser estimuladas a tocarem no seu próprio rosto e corpo, no rosto e corpo da mãe e serem acariciadas. Através disso, as crianças poderão distinguir seu corpo do corpo de outras pessoas e entender a diferenciação entre o eu e o outro. Como vimos acima, as crianças que enxergam interagem com o ambiente e aprendem valendo-se da observação e imitação., já as que tem deficiência visual, principalmente as que tem cegueira congênita não terão esta oportunidade. Por esta razão, é preciso ensiná-la sobre sua postura, tanto à postura corporal (em saber ficar de pé, em virar o rosto na direção de quem está conversando com ela, e, através do brinquedo, do jogo que se pode realizar um trabalho efetivo nesse sentido sem tornar cansativo repetir: vira para mim, levanta a cabeça, tira a mão ou o dedo do olho, vamos brincar! Brincar de esconde-esconde, estimulando a criança a movimentar-se em busca de alguém ou de objetos.
Usar bolas de diferentes materiais, tamanhos, cores e ruídos para experiências como, apertar, rolar, comparar, furar, estourar, amassar, brincar do seu jeito! De qualquer jeito! Inventar, esvaziar e encher bolas e soprar balões. Confeccionar bolas, de papel, meias, pano, barro, areia, jogar em espaços que a criança conheça, e não corra riscos de machucar-se. Propor jogos e brincadeiras com regras. Propor atividades que envolvam a coordenação motora fina como, amassar, rasgar, dobrar, desmanchar, desmontar, inventar. Uma atividade lúdica limpar gavetas, e convidar a criança: vamos rasgar tudo e colocar no lixo? Esvaziar os armários da cozinha, entrar e sair dos armários e gavetas. Brincar com as panelas e potes. Entrar e sair de panelas, caixas e malas.
Quanto maior o número de vivências concretas, intensas, mais qualitativas serão as aprendizagens. É na atividade lúdica que se abrirão infinitas possibilidades para a criança se conhecer, e conhecer o seu ambiente. Isso fortalecerá o sentimento de pertencimento à família, à escola. O ato de experimentar por si só já é uma aventura, então, ênfase da experiência para uma criança que não vê, ou vê com dificuldade, é o significado atribuído à experiência. É importante considerarmos a maneira como a criança cega observa, examina e conhece os objetos, isso acontece muito diferente do que uma criança que enxerga. Acriança cega percebe o objeto pelas suas partes, ou seja, percebe cada parte que vai tocando, enquanto a outra, percebe instantaneamente a sua totalidade.
A primeira necessitará de mais tempo para a exploração do objeto, e atenção do mediador, pois a criança poderá deixar de dar a atenção a algum aspecto importante do objeto que está sendo explorado.
Manusear objetos, explorá-los, levará a criança a aprender sobre eles, suas características como: de que material são feitos, se gosta ou não de tocá-los, poderá desmanchar, destruir, quebrar, a sua ação sobre o objeto dependerá da sua subjetividade ou fantasia.
Através do brincar a criança poderá desenvolver habilidades e capacidades sensoriais, cognitivas, motoras, sociais e afetivas. A partir do lúdico o processo de construção da linguagem e do pensamento, da memória e atenção, a criatividade e as abstrações, as relações de equivalência, comparação e analogia serão ativadas e desenvolvidas de forma contínua na construção de imagens mentais ou representações simbólicas.

BRINCAR DE BONECAS

O mundo de bonecas, das bonecas de pano, bonecas de retalhos de louça, de plástico, porcelana, massa de modelar, de barro, de palitos, de massa de pão! Até de faz de conta, uma boneca imaginária!
Parece banal, mas não é: aprender a brincar de bonecas desde pequena é o que não acontece com muitas crianças cegas. Elas não enxergam as outras crianças brincando de bonecas. Alguém deverá ensiná-las. Verbalmente, elas sabem que existem vários tipos de bonecos e bonecas, por que ouvem falar, afinal não são surdas! O que fazer com a boneca? Vestir, desvestir, pentear, fazer dormir. Colocar e tirar os calçados, meias, arrumar o cabelo dar banho, mamadeira, comidinha, remédio, etc. Todas essas são ações semelhantes às que fazemos todos os dias.
Mas, como quem não enxerga não tem como observar alguém praticando isto, portanto, não poderá reproduzir tal comportamento. Precisará aprender com alguém que se disponibilize a ensinar, com amor todas essas ações que, aparentemente, são banais!
Uma criança que não costuma brincar de bonecas, desenvolvendo ações de cuidados do dia-a-dia, poderá ter dificuldade em realizar muitas dessas atividades com autonomia. Aí está um bom momento para a família e a escola se unirem e começar a brincadeira a favor da criança!
Ela poderá aprender brincando com bonecas e com peças de roupas e calçados, que tipo de vestimenta utilizar em cada estação do ano em cada situação, como se portar em determinado ambiente, saber que existem diversas e diferentes cores, quais as cores que combinam para que possa se vestir de maneira adequada quando for necessário.

   PARA PROFESSORES

As crianças que tem deficiência visual aprendem por meio da experiência, elas precisam saber diferenciar forma, tamanho, textura, aroma, sabores e sons de objetos. Nada melhor do que aprender de forma lúdica, em casa, na creche, na escola.
Quando a criança acessa algum ambiente, nas primeiras vezes, é essencial que o professor ou cuidador, descreva detalhadamente o local onde ela se encontra, e deixe-a tocar à vontade nos móveis, onde estão os brinquedos, as janelas portas e paredes, o banheiro, e qualquer obstáculo que por ventura exista, como colunas, extintores, escadas, pias, lixeiras bancadas, ou degraus. Oportunizar que ela conheça com o corpo, com as mãos, e a bengala sempre que for possível. Isso a ajudará a ter confiança e favorecerá a conquista da sua autonomia no seu deslocamento dentro e fora dos ambientes, na medida em que vai freqüentando e convivendo.
Os pais ou cuidadores não devem ser superprotetores, porque estarão impedindo a criança de vivenciar oportunidades de aprendizado.
Os professores podem, por exemplo, investigar com os cuidadores o que a criança gosta de fazer, quais as brincadeiras que mais lhe interessam, para, a partir daí, planejar atividades de aprendizagem adequadas à sua realidade, e até lhe ensinar novas brincadeiras e jogos
Como afirmam as autoras Bruno, Marilda e Mota:
É comum pais, professores e colegas quererem solucionar problemas para a criança com deficiência visual, antecipando e explicando como as coisas funcionam. Sem dar tempo para ela investigar, solucionar e criar novos mecanismos de ação. O professor deve estar atento para investigar a curiosidade, problematizar, ajudar esta criança a continuar investigando, fornecendo apenas algumas dicas e pistas que sejam necessárias. Dessa maneira o professor lhe ajudará a formar seus próprios conceitos, não a partir da ótica de quem enxerga “vidente”, mas a partir de seus próprios significados. (BRUNO; MOTA. 2001. p. 159, 160).
O brincar é fundamental para o desenvolvimento mental, corporal e emocional de qualquer ser humano, principalmente das crianças com deficiência visual.
Como citado anteriormente, as crianças com deficiência visual aprendem por meio da experiência, elas precisam se interessar pelo mundo que as rodeia. Os jogos irão propiciar além de um divertimento, uma socialização delas com outras crianças que enxergam, e, até mesmo com seus familiares.
A autora Siaulys, afirma que:
Se para toda criança a brincadeira é muito importante, para a criança com deficiência visual ela é fundamental […] é uma forma gostosa para ela movimentar-se e ser independente. Brincando, a criança desenvolve os sentidos, adquire habilidades para usar as mãos e o corpo, reconhece objetos e suas características. Brincando a criança entra em contato com o ambiente, relaciona-se com o outro, desenvolve o físico, a mente, a autoestima, a afetividade, torna-se ativa e curiosa (SIAULYS, 2005. P 6)
Brincar é fundamental e necessário, mas precisa ser ensinado e oportunizado a quem não enxerga. Esse jogar deve ser pensado de maneira a estimular as áreas que a criança com deficiência visual necessita. Se as brincadeiras forem desenvolvidas de forma adequada, ajudarão a:
* Compreender e identificar os sons;
* Conhecer e entender seu corpo e o ambiente;
* Despertar a curiosidade e o prazer pela vida;
* Desenvolver e integrar os sentidos;
* Despertar a vontade de movimentar-se e realizar atividades;
* Conhecer formas, seqüência e seriação;
* Desenvolver o tato para reconhecer texturas, formas, temperatura,
grandeza, peso, consistência e materiais de que são feitos os objetos;
* Adquirir independência e autonomia para movimentar-se e realizar as
atividades cotidianas;
* Desenvolver a imaginação, o jogo simbólico, o “faz de conta”.