Anistia Internacional - uma vela acesa cercada por um arame de espinhos

Por Paulo Virgílio
da Agência Brasil

A Anistia Internacional Brasil promoveu no último dia 9, em evento gratuito no Parque do Flamengo, na zona sul do Rio, o lançamento nacional da campanha Jovem Negro Vivo, que chama a atenção para o alto índice de homicídios contra jovens, especialmente os negros, no Brasil. Durante toda a manhã e parte da tarde, ativistas voluntários da organização não governamental (ONG) arrecadaram assinaturas em apoio ao manifesto lançado pela organização, pedindo às autoridades que sejam tomadas providências para mudar essa realidade.

“O Brasil é o país onde mais se mata no mundo, superando muitos países em situação de guerra. Em 2012, foram 56 mil jovens entre 15 e 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticada por armas de fogo e, menos de 8% dos casos, chegam a ser julgados”, diz o manifesto, que será entregue a autoridades públicas do governo federal e de governos estaduais.

De acordo o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, Átila Roque, “pior do que esta realidade, só a indiferença da sociedade brasileira”. Segundo ele, “precisamos urgentemente de ações governamentais que revertam este quadro, à semelhança do que foi feito com a fome no Brasil, na década de 90”,  alertou.   “Hoje o país está fora do mapa da fome mundial. Temos que fazer o mesmo com o índice alarmante de homicídios que temos hoje – ficar fora desse mapa também”.

Voluntária na coleta de assinaturas, Maria de Fátima dos Santos Silva, de 55 anos, teve o filho Hugo Leonardo dos Santos, de 33, morto em abril de 2012 em uma ação policial na Rocinha. “Eles tiram a vida dele assim do nada. Meu filho era perseguido demais e eu não entendo o porquê. Eles disseram que foi troca de tiros, mas era tudo mentira. Mataram ele só porque era pobre, negro, desempregado e morador da favela. Isso tem que acabar”, desabafou.

A campanha, que vai até junho de 2015, tem como mote a invisibilidade desses jovens, representados por esculturas que retratam diferentes situações do cotidiano, interrompidas pela violência. O ato de lançamento também foi marcado por apresentações culturais, entre elas a Batalha pela Vida, com dançarinos do passinho, disputa de barbeiros e som a cargo de DJs .