Escolas ainda recusam crianças com deficiência ou doença crônica
Nos últimos anos houve um aumento de 164% no número de alunos que precisam de algum tipo de atenção especial em sala de aula.

De 2003 para 2011, o número de alunos com deficiência ou doenças crônicas, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação cresceu 164%. Segundo o Ministério da Educação, em 2003, 28% dos alunos que precisavam da educação especial estudavam em classes comuns e o restante, em classes especiais. Em 2007, o percentual desses alunos incluídos nas classes regulares passou para 54% e, no ano passado, para 74%, com 752 mil estudantes inscritos.
Embora a lei exija que todas as escolas brasileiras aceitem e incluam crianças e adolescentes com deficiência e doenças crônicas, ainda existem instituições que se dizem inaptas para isso. Em muitos casos, por falta de estrutura e de informação da escola, quando o aluno é aceito acaba não tendo a atenção devida e o responsável pelo estudante precisa frequentar a escola para cuidar dele.
É o caso da menina Giovana de Oliveira Corrêa, 6 anos, que tem Síndrome Kabuki, uma desordem congênita rara, que causa déficit intelectual e problemas físicos. A mãe da menina, Evanilda Aprígio de Oliveira, ficava com ela na escola, mas conseguiu um emprego e agora paga a uma sobrinha para cuidar de Giovana.
“Por ela ser cadeirante, não consegui [vaga] na escola particular. Consegui na pública com facilidade, mas a dificuldade existe dentro da escola, pois eles não têm preparação, professora de apoio, espaço para cadeirante passar, rampa. Há boa vontade, mas falta estrutura”.
A pedagoga Magdalena Oliveira, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) afirma que o caso de Giovana não é exceção. Ela coordena vários projetos de educação para crianças e adolescentes com doenças crônicas e deficiência e argumenta que a educação inclusiva está longe de ser alcançada no Brasil.
“Se você entrevistar as mães que trazem seus filhos aqui, ouvirá da maioria que eles não são aceitos nas escolas. Quando são, elas têm que ficar junto com a criança ou o adolescente e o tempo [de aula] é limitado, não é o tempo regular da escola”.
Magdalena citou o caso de um rapaz de 21 anos, com encefalopatia não progressiva (com déficit cognitivo sério) que nunca foi aceito na escola, apesar das inúmeras tentativas da mãe. “Ela ainda tem esperança de ver o filho na escola. A deficiência não o impede de ter um convívio com outras [pessoas], de aprender algumas coisas, dentro das limitações dele”.
A pedagoga também contou sobre um menino de 8 anos que nasceu sem a parte inferior dos braços que não foi aceito na escola perto de casa. “Ele não tem nenhum tipo de déficit cognitivo, mas disseram para a mãe que ele deveria ir para uma escola especial”.
Fonte: Diário de Canoas
Deixe uma resposta