Irene Kahn: a pobreza se combate com mais direitos humanos

Por Neena Bhandari, da IPS
Sidney, 24/11/2009 – Os direitos humanos devem estar no centro das políticas de desenvolvimento e de luta contra a pobreza, que já afeta mais de dois bilhões de pessoas no mundo, afirma a ativista Irene Khan. A pobreza é uma das piores violações dos direitos básicos, argumenta em seu livro “The Unheard Truth: Proverty and Human Rights” (A verdade que não é ouvida: pobreza e direitos humanos) sobre reflexões pessoais e estudos de casos.
Morre uma mulher por minuto durante a gravidez e o parto, um bilhão de pessoas vivem em assentamentos precários, pelo menos 963 milhões dormem todas as noites com fome, 2,5 bilhões não têm acesso a serviços sanitários adequados e 20 mil crianças morrem de desnutrição.
Khan esteve este mês na localidade australiana de Utopia, onde vivem cerca de 45 mil indígenas. Ali denunciou as lamentáveis condições de vida dessas comunidades, apesar de viverem em um dos países mais ricos do mundo. “Para um país que em matéria de direitos humanos está entre os três primeiros mais desenvolvidos e que, em comparação, saiu ileso da crise financeira mundial, esse nível de pobreza não tem desculpa, é inesperado e inaceitável”, afirmou.
Khan é a primeira mulher e a primeira asiática a dirigir uma das mais importantes organizações defensoras dos direitos humanos, o que faz desde 2001. Originária de Bangladesh, estudou direito na Universidade de Harvard (EUA). Recebeu vários reconhecimentos, como o prêmio da Fundação Sydney para a Paz, em 2006.
A secretária-geral da Anistia Internacional, com sede em Londres, criticou duramente a ideia de que a liberdade de mercado, o crescimento econômico, a maior assistência e o aumento do investimento sejam a panacéia para tudo. Por isso deseja que o debate sobre a pobreza se concentre também na luta contra as privações, a exclusão, a insegurança e a falta de poder.
Deixe uma resposta